quinta-feira, 10 de julho de 2014

Gosto profundamente das integrações que cheguei atrasado nos faz fazer, essa esgrima constante com um processo de identificação do objeto por tentativa e erro e acerto de construir os limites de um que ora não é ora é demais, que ora é mais ora é menos, ora é à direita ora à esquerda, ora é claro ora é escuro, ora é gole ora é vômito. Enxergar só mesmo na aeróbica narcisista de se ver no espelho e de imediatamente se transpor para o espelho para ser sua própria imagem, por integração e por contrafactualidade, e a imagem nem é, porque não há mesmo um invólucro para o que somos, e nem é o contrário, o que seria um alívio, se a gente pudesse ser pelo menos o que não é. Testemunho de fé mesmo só no mundo político em que se é: driblar,driblar,driblar o caos reacionário, a mesquinhez da direita, a ausência de sonho da direita, a uniformidade reacionária, e então inventar pequenos gols, grandes gols, grandes enormes projeções visionárias de trave e de rede, a gente sendo garrincha e sendo o goleiro, nossa bola é nosso risco, nossa vida, a gente quer mesmo é desobedecer.


Regina Salomão
(professora e ativista política)

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