Em um árido ser tão ávido ao des-recolhimento vomitório de palavras, encontrei na vida um meio-irmão de poesia e cara. Seu sotaque mineiro com resquícios nordestinos e o sabor ácido de suas passagens políticas & poéticas me dão segurança daquilo que mais temi em minha etílica juventude: gritar sozinho em uma cidade linda e fantasmagórica. Dizer com os pulmões abertos e o coração fechado que tudo está certo porque, justamente, se encontra errado.
Nesse campeonato, que não tem sequer vencedores, creio que meu meio-irmão é uma espécie de perdedor ilustre. Perdeu o nó da vida logo antes mesmo de nascer, quando, como eu, não pôde acompanhar in loco o respiro de nosso querido e amado suicida Torquato. Inexplicável também é o amor de outro André que o acolheu como um pródigo e lhe deu suporte para ser Sidarta.
E para todo aquele anjo torto que se encontra no desencontro, há sempre um plano Beta, beat, beato. E para esse pensar vigoroso da desistência e da coragem, da insistência em si e da covardia, queria apenas que esse médium da revolução pudesse ser pensado, mesmo que de canto de olho, em um PDF de tablete, ou numa linha de rede social, ou mesmo de ônibus público, ou interestadual.
Que a poesia que grita em prosa de Deco possa se espalhar pela alma daqueles que, desde sempre, dependeram da terceira margem para sobreviver ao desejo de vida. Que os que desejam pular, atirem-se na vida de suas palavras e regurgitem o pensamento de suas loucuras discretas e indiscretas.
Que Deus o ilumina?!
João Paulo de Oliveira
(escritor e jornalista)
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