sábado, 2 de agosto de 2014

Poema para o André Monteiro: do céu ao inferno e vice-versa

Vale o risco
sequestrar a alegria no futuro
compor poemas em uma sintaxe estranha
animar os mortos
deixar a consciência onde a fonte nasce
porque tudo tudo tudo é pouco e fuga.

O outrora intacto
agora estilhaço
relacionamentos
retratos guardados
diárias perdidas
aquele disco do Lennon estourando a madrugada
e o som vazio das sirenes se aproximando.

Ainda na estrada
ainda desafiando os limites de velocidade
ainda esvaziando todas as garrafas
de qualquer lugar do fim do mundo.

Porque ela não volta.

O risco vale
inventar outro modo de viver neste mundo estressado
árduo, suado e intrigado.

A suprema felicidade é amar ao outro como a ti mesmo
ah, para alguns de nós

a promessa de cumprir o impossível não é obrigatória.


Anderson Pires
(Poeta e professor de literatura da UFJF) 

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