sábado, 20 de setembro de 2014

Um poema breuluzente

A vida besta não basta
pra bosta que é tão vasta
O pé empurra o chão
ou afunda o pedal
tentando acelerar o caos,
rachar o solo,
virar e revirar a base
O corpo é uma estação,
qualquer parada nele
é sempre com o piscalertaceso
e já pronto pra vazar

O transe é óbvio,
a transa nem sempre
Tudo transborda quando ferve,
basta fagulhar
Tudo chacoalha quando toca,
na pausa ou no ruído

Convulso em plena valsa!

Na casca do ovo não cabe flagelo,
a carne é fraca –
forte não é pra ser
nem pra estar
Na cápsula do outro a seiva
é o fim da sede
Tem sempre uma dádiva pra assanhar
a dúvida,
nunca sanar.

A alma do negócio não é o negócio
da alma
O espírito da coisa não tem nada
a ver com a coisa do espírito
Despacha a certeza
e se lambuza de dilema, André!
Rola e rebola nessa lama,
mas não se abale
Ou abale!

A morte é curta,
longa é a vida
Plena?
Nenhuma delas
Por isso é fagulha
é fogo
é foda
é gozo
é porrada
é porre
é pilha
É lume e é breu!

Vai, André!
Mata a pau a porra toda!
E salve-se quem foder!



Julio Satyro é poeta e sociólogo.

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